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sexta-feira, 22 de julho de 2011

SOMOS "HOMENS DE POUCA FÉ"!

Se nós observarmos bem, o mundo esta se dividindo em  duas linhas distintas, dois lados. É como se uma linha reta estivesse  dividida em duas. Uma seguindo no sentido ascendente e outra no sentido descendente. Como se tivéssemos uma separação entre o bem e o mal, entre o que é bom e o que é ruim.
De um lado, a ciência com novas descobertas, tanto na medicina ou outras áreas, sempre na busca de aperfeiçoamento, visando facilitar a vivência humana na terra. A tecnologia da informação, da alimentação. Pessoas que realmente se interessam pelo próximo. Algumas iniciativas privadas, ONG's. Alguns governos mais descentralizadores, outros preocupados com a paz mundial e com o bem estar da população. A onda verde, a preocupação com a sustentabilidade, com a preservação do meio ambiente, com a continuidade da espécie  humana.
De outro, um verdadeiro caos se instalando. A mesma ciência sendo usada, para o lado escuso, o aquecimento global com suas consequências climáticas, guerras, conflitos de interesses entre nações, principalmente económicas e culturais. Povos se rebelando contra seus governos, países praticamente falidos economicamente, endividados. A banalização da vida, de normas e regras da conduta ética.
Olha-se para um lado e se vê pessoas preocupadas com a vida, com o mundo, procurando ajudar, amenizar o sofrimento de uma pessoa caída, marginalizada, oprimida, excluída, pela sociedade. Mas do outro lado, vê-se um marginalizado, um oprimido, na tentativa de sobreviver, ou de se vingar, por prazer, por efeito de drogas se rebelando contra esta mesma sociedade, assaltando, roubando, matando. Muitas vezes, os rompantes da animalidade, dos instintos primitivos se desencadeiam entre pessoas ditas cultas, sérias, "civilizadas",  e  por motivos torpes e banais.
Isto prova a teoria da evolução. A humanidade carrega ainda em si, os instintos de sobrevivência dos animais, enaltece e super valoriza seu próprio ego, ainda se deixa levar pelo lado emocional, já racionaliza pelo mental, lógico e também já dá sinais de um lado mais puro, mais justo.
Por outro lado, mostra claramente a instabilidade mental e psíquica, principalmente desta linha descendente, caída. O ser humano está doente, ele se perdeu, está sem base, sem rumo. A ligação entre a fonte (Deus) e a centelha divina (nós), está rompida, ou muito tênue. Esquecemos literalmente de onde viemos, onde estamos e para onde vamos.
Mas isto é "coisa" nossa, do nosso planeta. Toda essa história de Apocalipse, fim do mundo, 2012, "separação do joio do trigo", juízo final, é consequência disto. E isto não vem de agora.  
Maomé, João Batista e outros profetas, Gândhi, Buda, Jesus e muitos outros seres, não menos importantes, já fizeram seu sacro-ofício por nós. Nós fomos avisados! Mas o que nós fazemos? Achamos simplesmente que a vida é assim, sempre foi assim e sempre será assim. Isso faz parte desta visão curta, distorcida. Visão egocêntrica, centralizadora, que temos do mundo, do universo. Achamos sempre que a culpa é do outro. Esperamos sempre pela iniciativa do outro. Aliás daria até para se fazer um analogia da situação da  humanidade, com uma fruta podre e bichada de uma árvore. Achamos que está tudo bem, enquanto estamos "devorando" nosso planeta, sem olhar mais longe, sem ver o todo. O dia que estivermos "só na casca", teremos a noção da nossa situação e veremos como devoramos a nós mesmos. Talvez então seja tarde.   E "Não haverá tempo para levantar os caídos". 
Os dois lados, ascendente e descendente, bom e ruim, correto e menos coreto, são formado por pessoas e geralmente estas pessoas estão atuando nos dois lados. Quer dizer, temos já dentro de nós ou pelo menos temos ciência que existe, às vezes até praticamos, a bondade, a ajuda, a compreensão, o correto, o coletivo. Mas às vezes, "apagamos", nos desconectamos e revelamos ainda o lado negro, obscuro que existe lá no nosso íntimo. É como um vício, um hábito ruim, que não conseguimos mudar.
Quem já não se sentiu bem, fazendo um favor para alguém, ou ajudando uma pessoa em algo. Às vezes o simples fato de  prestar uma informação para alguém, nos faz sentir bem. Recentemente sofri um baque muito grande em minha vida. Me sentia julgado, condenado, crucificado, um inútil, um lixo. Um dia, um vizinho estava às voltas com o carro que não tinha partida. Me ofereci para empurrá-lo, pra "pegar no tranco". Empurrei este carro por uns 200 metros. No final estava exausto, com a "língua de fora". O vizinho agradeceu e eu voltei pra casa. Cara, eu tava feliz! Muito feliz! A minha exaustão se transformou em alegria, felicidade. Eu me senti útil! Me senti "bom" novamente! Agradeci muito a Deus por isto, podes crer! É assim que Deus age, sempre tem um carro por ai pra se dar um empurrãozinho e nos lembrar o que somos na essência. 
Nós estamos acostumados com o errado, com a desonestidade, com o individualismo. Criou-se uma "cultura", é como se fosse normal. Não confiamos mais em ninguém e vivemos assim, normalmente, no meio disto tudo. Criamos leis, que são desrespeitadas até pelos próprios legisladores. Leis que muitas vezes poderiam ser substituídas pelo bom censo. Nos tornamos individualista, egoístas, ambiciosos. Queremos  "nos dar bem" e  o  resto  que  se  f ... "Entre eu e a vovó, que chore a vovó" dizia um cara, muito religioso, que conheci. Às vezes isto nem é feito intencionalmente, mais parece um "instinto de sobrevivência", deste mundo "civilizado".
Ao se fazer um negócio, é preciso um contrato, este contrato precisa ser registrado em cartório, precisa ter testemunhas, precisa ter carimbo. Ninguém se arrisca em confiar. Se alguém o faz, é motivo de chacota. E isto tudo é considerado normal pela sociedade. Quer dizer, não é normal praticar o bem, ser bom, honesto, correto, ser confiável, ter palavra. Quando alguém se destaca por isso, sem interesses mesquinhos, quando dedica sua vida em prol de causas nobres, é condecorado, vira herói, ganha prêmios, vira santo.
Esta anormalidade, está por todo lado, em todos os setores. É normal, um médico, ou outro profissional, prestar serviços super valorizados para "compensar" os anos dedicados ao estudo, enquanto seus bens materiais se acumulam. É normal, obras de um governo super faturadas, classe política, com interesses escusos. É normal, o "espertinho" comprar algo, abaixo do valor de mercado, de um pobre coitado desesperado que precisa de dinheiro. É normal, nossa mania de tirar vantagens, tirar proveito de certas situações. É normal, achar que para  ganhar o outro precisa perder. É normal fazer fofoca, comentários maldosos da vida alheia. É normal julgar, apontar o dedo. E o resultado disto tudo é o noticiário do dia a dia, as manchetes nos jornais. Aliás já assistiu telejornal sem notícia ruim? É  muito chato! Somos ávidos por desgraças, mas que sejam alheias.
Existe no comércio a mania de promoções, de pedir descontos, que é incentivada pelo próprio comércio. Quer dizer, o comerciante não é "honesto" o suficiente para por um preço justo e ponto final. E do outro lado, estamos nós, nos aproveitando da situação, nos iludindo com nossa "esperteza". Se não tiver uma faixa de promoção e descontos, não se vende. E um pobre ignorante, que muitas vezes não tem o que comer, é vitima deste processo. Aliás, qual a diferença entre ficar pechinchando, pedindo descontos e ficar numa esquina com uma latinha na mão, pedindo esmolas? Os valores envolvidos são iguais, são ínfimos. É que pedir descontos é considerado normal, aceitável, é considerado inteligência, esperteza. Pedir esmolas é considerado fraqueza. Campanhas de publicidade, induzem a compras, que geralmente não podem ser feitas, nem pagas e o resultado todos sabemos: tensão, estres, de ambos os lados. Poderia ficar elencando inúmeros exemplos que fazem parte do nosso dia a dia e são consideradas normais, aceitáveis.
Na religião, por exemplo, há contradições entre o discurso e a prática. Mesmo considerando a igreja um mal necessário, senão a coisa poderia ser pior, não consigo aceitar certas coisas. 
De um lado os evangélicos, prometendo salvação, curas, milagres, em troca de um dízimo, que muitas vezes é superior a um décimo. Deus não cobra nada de ninguém, nem  fidelidade, temos o livre arbítrio. Há consequências é claro, mas Jesus nunca cobrou nada por seus milagres, por suas curas. Aliás as doenças físicas só existem porquê somos doentes psíquicos. A partir do momento que nos encontrarmos com nossa essência,  os males físicos desaparecerão.
E a igreja católica! Vejam o capital, a riqueza da igreja que se diz  a legítima representante de Deus. Isto não é contraditório? Como explicar a um marginalizado, a um desvalido, a igualdade entre nós, perante Deus, se o próprio "representante" se apresenta com ostentação? Quantas vezes quis entrar numa igreja, para ficar sozinho comigo mesmo e encontrei as portas fechadas. Deus não tem hora! E o valor inestimável das imagens sacras em igrejas? Deveria ser tudo de material reciclável. Parece que o valor do símbolo supera o representado. O exemplo de humildade, do despojo de bens materiais deve vir de cima. Nas visitas de um Papa, tudo é de muita riqueza e luxo. Quanto dinheiro não é gasto nisto tudo! Onde está o exemplo de humildade, dos votos de pobreza? E não estou nem falando dos tempos da inquisição, da escravidão e de outras questões internas, atuais. Visões distorcidas, compreensões erradas, que são "apagadas" com um simples pedidos de desculpas.
Queria ver um padre ou pastor, "deixando tudo" e sair por ai, a pé, chinelinho de dedo, batendo de casa em casa, se abrigando nas casas humildes, oferecendo apoio, uma palavra de conforto aos pobres e desvalidos. Participei do último censo do IBGE e cansei de ouvir histórias, pedidos de ajuda. A maioria das pessoas "carentes", não quer nada material, só querem alguém que as escute, que as ampare, que as console, que as  relembrem que vivem, que são importantes, que "fazem parte". Alguém que sirva de intermediário para questões que não tem acesso, que para elas são inacessíveis. É tão fácil  Deus se fazer presente nestes locais. É ali que eles deveriam estar e não encastelados num templo. É o pastor que vai até as ovelhas e não as ovelhas que vão até o pastor. Muitas destas pessoas já estão descrentes, já perderam a fé, não só em Deus, mas em tudo. Em outras, a esperança e a única coisa que resta.
Recentemente, durante o processo de santificação de uma santa, próximo daqui, o que se via, era dirigentes locais e próximos,  entusiasmados com o desenvolvimento económico da cidade, da região, com o fluxo de turistas e cristãos, após a inauguração do santuário. Ainda não fui lá, mas deve ter barraquinha dos dois lados da rua, vendendo de tudo. Qual a diferença entre isto e os vendilhões do templo, expulsos por Jesus?
Quando falo em igreja, falo da instituição, não das pessoas, embora a instituição seja formada por pessoas. Conheci, padres, pastores, pessoas ligadas à igreja e não discuto, não duvido das intenções destas pessoas. Na verdade, sem perceber, são vítimas de um sistema. Tive ajuda de algumas, as quais serei sempre grato. Não me deram nada demais, só me fizeram sentir normal. Deram o que tinham e o que podiam dar : apoio, compreensão. Deram-me o que eu precisava : o necessário.
Já disse anteriormente, que temos uma ideia de separação. Já disse também que nosso Deus é nossa alma.   Devemos prestar mais atenção nos detalhes. Precisamos parar de "praticar" esporadicamente e começar a agir integralmente, tanto no ser como no fazer. A oração, a comunhão com Deus, não deve ser somente algum dia da semana, alguma hora do dia. Deve estar presente nas atitudes do nosso dia a dia, na nossa vivência, na nossa convivência, na nossa sobrevivência. Se estivermos de frente com alguém, se formos fazer algo para alguém, por alguém, que afete, que envolva alguém, que vejamos este alguém como alma. Garanto que nossa atitude irá mudar, pois estaremos frente a frente com Deus. Não é preciso ser santo, basta ser correto, justo. Basta ser normal.
"Deixe tudo e siga-me", não é deixar bens materiais. É deixar convenções, dogmas, paradigmas, sistemas, modos, maneiras, crenças, hábitos antigos e segui-LO em suas atitudes, suas palavras, sua simplicidade. Então as coisas materiais deixarão de ser importantes.
Enquanto houver medo de "perder", de ser prejudicado, de ser enganado, de não ter o suficiente, é porque não há fé, ou melhor, não há convicção. A fé deixa dúvidas, a convicção não. Jesus, na época, estava convicto, por isso conseguiu realizar. Se conseguirmos agir assim podemos dizer : "O senhor é meu pastor e nada me faltará".
Ainda somos,  "Homens de pouca fé".

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