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sexta-feira, 15 de julho de 2011

A IMPORTÂNCIA DE UM PONTO ( . )

Eu poderia ser mais um, entre tantos, a tentar escrever um livro de auto ajuda, um livro esotérico, um romance tipo Paulo Coelho. Ou então escrever minha auto biografia. Um livro cheio de termos técnicos, português perfeito, difícil, coordenado, talvez chato. Iria atingir um publico restrito. Talvez ninguém. Talvez um leitor, que provavelmente não seria minha esposa nem um filho. Sabe como é, "santo de casa não faz milagres"!
Sempre tive vontade de escrever. Quando era adolescente escrevia versos, poemas. Cheguei a participar de um concurso literário. Até convenci meu pai a comprar uma máquina de escrever. Pensei, agora vai! Mas acabei "não fondo".
Minha infância, adolescência  e principalmente a vida de adulto, não foram fáceis. Não que tenha sofrido, mas no sentido de me adaptar a este mundo. Pobre, tímido, gago, deslocado, meio perdido, sonhador. Não me achava, não me encontrava. Sempre fazendo um esforço para me mostrar igual aos outros, a ser aceito pelos outros. Hoje, vejo que minha preocupação principal era: O que "eles" querem que eu faça? O que "eles" querem que eu fale? Mesmo assim, não deixava de pensar que era normal, que sabia de tudo, que entendia tudo. 
Apesar de sempre ter sido um aluno exemplar, me destacando por ser "muito inteligente", o que ninguém sabia era o esforço que eu fazia para isso. Lembro que no primário, acho que foi no 5o. ano, era preciso fazer um exame final, que englobava toda a matéria do ano. A professora passou perguntas, muitas perguntas. Eram mais de 100, que precisavam ser respondidas, corrigidas e estudas para o exame final. Adivinha! Tirei 10. "Dez professora?" Claro, eu havia decorado todas, de cabo a rabo e de rabo a cabo. Como eu era esforçado!
Uma vez, nos foi pedido para fazermos uma redação sobre o assunto: Os Defeitos da minha Professora. Não deu outra! Defeitos achados: nariz comprido, boca grande, perna torta... Muitos destes defeitos foram inventados. Porque eu não conseguia entender, como fazer uma redação, como achar tantos defeitos numa professora tão pequena? Como eu era tapado!
Numa outra redação, deveria escrever sobre o Rio de Janeiro. Meu problema, era como escrever sobre um rio que nem conheço? Mas vai lá. Vamos imaginar: "O rio de janeiro é um rio de águas cristalinas, águas tão limpas que dá para ver os peixinhos nadando. A areia no fundo do rio é fina  e  ..." enfim, ela não havia explicado que era sobre a cidade do Rio de Janeiro. Como é que eu ia adivinhar, nem sabia que existia! Como eu era ignorante!
Comecei a perceber que não tinha muito futuro. Ou acertava na loteria ou tentava um concurso público.
A minha presença em sala de aula, sempre foi em vão. Eu não entendia nada do que era passado pelos professores, não conseguia acompanhar. Em casa, sozinho, ia repassando a matéria e,  remoendo, imaginando, tentava entender e compreender. No final eu me dava bem. Como eu era esperto!
Certa vez no ensino médio, foi feito um teste, para vermos nossa vocação. Qual a área que teríamos afinidades, qual seria nossa aptidão profissional. Pra variar, a minha não deu em nada. Lembro até hoje o olhar daquela professora. Tipo assim: "O que vai ser deste menino!" Como eu tava perdido!
Pra dizer a verdade, sempre fui meio "inocente". Uma vez, quando ainda era molequinho, um amigo meu, mais velho e malandro do que eu, abriu um daqueles rádios antigos da época. Lembro como se fosse hoje, era um caixote de madeira. Tirou os parafusos da tampa traseira  e me mostrou os "homenzinhos que falam". Juro que vi! E eles tavam falando! Eram de metal meio acobreado. Eram dois, um maior e outro um pouco menor. Como eu acreditava nas pessoas!
Não lembro muita coisa do meu passado, mas tem algumas coisas que marcam. Fiquei sabendo que Papai Noel não existia, aos 7 anos de idade, quando um primo meu, deixou escapar que havia escondido os presentes do filho dele no milharal. Ele não sabia que eu ainda não sabia! Como eu era bobinho!
Na verdade  sempre fui tipo um carro, com bateria fraca. Sempre precisei de um empurrãozinho, de uma ajudinha.
Nunca fui muito fissurado por leitura, mas sempre lia alguma coisa ou outra. Desde revistas de foto novelas e gibis, alguns livros da literatura brasileira...       
Durante o ensino médio, pegava livros da biblioteca do colégio e levava pra minha mãe ler. Segundo a bibliotecária eu era o aluno que "mais lia" no colégio. Eu lia alguns, nem todos. No fim já pegava livros que "havia lido". Minha mãe olhava e dizia : "Este eu já li, mas, deixa que eu leio de novo". Que dó da minha mãezinha!
Foi ai que tive o primeiro resultado positivo em consequência da leitura. Numa prova era necessário fazer uma interpretação de texto e ..., tirei 10! Acertei tudo e ainda escrevi na prova : Texto extraído do livro tal, do autor tal. Além do 10, ainda ganhei um "parabéns e continue assim"! Como eu tava embevecido! Querendo agradar minha mãe, me dei bem. Nem tudo tava perdido!
Quando entrei na faculdade, vi como era  grande minha ignorância. Comecei a levantar cedo, para assistir os telejornais da manhã. Fiz assinatura de revistas semanais. Lia de capa a capa, até as propagandas. Aliás, foi com estas revistas que comecei a entender de política. Eu sabia de tudo o que acontecia em Brasília. Estava ficando bem informado!
Comecei então a variar minha leitura. Livros sobre hipnotismo, concentração, meditação. Livros de auto ajuda, então! Neuro linguística, psicologia, sociologia, filosofia, bíblia (nos momentos de dificuldades). Livros da faculdade de economia e suas matérias. Livros esotéricos, espíritas, livros e matérias sobre ETs, sobre o universo.
Mas enfim, vamos ao moral de toda história. Eu só queria mostrar que a ignorância não é privilégio de alguns. Num certo ponto todos somos ignorantes em alguma coisa. Não falo no sentido pejorativo, mas no sentido de não saber sobre algo ou algum assunto.
Sempre gostei de "desenhar" para entender. Em algumas revistas de passatempo, há uma brincadeira de seguir os pontos, até formar um desenho ou uma figura. Imagine cada pontinho destes como um aprendizado que teve, uma compreensão sobre algum assunto, uma experiência, uma conclusão. Um livro que leu, um assunto pesquisado, uma reportagem, uma reunião com amigos, qualquer coisa em que tenha aprendido algo diferente. Se você usar a imaginação e seguir estes "pontinhos" da sua vida, no final sairá uma figura : você. Já não dizem que "somos o que comemos"? Ou, "somos o que pensamos"? Acrescente esta : Sou o que aprendi! Quanto mais diversificado for seu aprendizado, maior a compreensão dos fatos, da vida, do mundo. E tem mais, você terá uma opinião sua, globalizada. E não ficará só falando de trabalho nas festas de confraternização.
Imagine ser você um copo com água suja. Vá pingado, com um conta gotas, água limpa neste copo. Considere como água limpa todo conhecimento que adquiriu, hábitos que mudou. Um dia toda a água do copo estará limpa. Então terá toda a luz necessária para tirar sua próprias conclusões. Não precisará mais ser um "Maria vai com as outras".
Imagine uma linha reta. Esta linha reta é o seu caminho. Aprendemos na escola que uma reta é feita de pontos seguidos. Basta  por um ponto fora desta reta, tanto para cima ou para baixo, dar seguimento a este ponto alterado, e,  pronto, alterou-se a direção desta reta. Pronto, mudou o seu caminho! Este ponto alterado é um conhecimento novo, é uma atitude nova. Siga esta nova reta e depois de um certo tempo olhe para trás e veja a diferença no seu caminho.
E principalmente, tire o máximo proveito das "des-graças" que acontecem em sua vida. Nada é por acaso. Dê uma olhada no seu caminho. Se necessário mude mais um pontinho!
Enquanto o normal deste mundo, é ser especializado em algum ramo, em alguma profissão, eu me especializei na vida. Conheço agora a engrenagem da vida. Muito do que "aprendi", foi observando e estudando os acontecimentos diários, as pessoas. A dita "escola da vida". Nos momentos de dificuldade, de incompreensão, a leitura me dava a luz necessária. Às vezes, somente um parágrafo, ou uma linha de um livro bastavam para o esclarecimento das minhas dúvidas. Até a TV "me ajudava". Quantas vezes uma frase solta era captada e "se encaixava" naquela lacuna! 
Ainda não tenho capital, dinheiro. Continuo sendo um "João ninguém". Mas não me "pré-ocupo" mais com isto. Assim como há pessoas que me "julgam", poderia também julgá-las. Não me importo mais com o que "eles" querem que eu faça, ou o que falem. Agora tenho uma base sólida. Agora eu Sou! Tanto é que tô aqui, sem medo de ser feliz. Me sinto firme como uma rocha. Hoje vejo além da curva. Enxergo por detrás dos montes.
As pessoas que me empurravam, que me ajudavam e as que hoje me aturam, foram a ajuda que eu  precisava para seguir em frente. É assim que Deus age. Sempre há alguém no seu caminho, para lhe dar um empurrãozinho!
Só me resta uma dúvida. Foi a busca pelas respostas, pelo esclarecimento que me fizeram superar obstáculos, ou foram os obstáculos que me fizeram procurar as respostas?
"Há muito mais coisas entre o céu e a terra, do que sonha nossa vã filosofia!"

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